ESCATOLOGIA - parte 02
Após a morte, vem o julgamento particular, na qual apresentamos diante de Deus toda a nossa vida, e daí, recebemos o prêmio eterno ou a condenação eterna.
Continuemos a meditar esses mistérios, sempre com um olhar em Cristo Jesus, para essa meditação, seja uma forma de aumentar em nós, o nosso amor e desejo em segui-Lo.
CÉU:
“Minha alma tem sede de Deus, do Deus vivo: quando voltarei a ver a face de Deus?” (Sl 42,3)
O maior desejo de todo ser humano é ser feliz. Condicionamos a nossa vida na busca da felicidade, mas o problema é que muitas vezes, buscamos nos lugares errados ou da maneira errada.
Nos enganamos muitas vezes, achando que seremos felizes quando conquistarmos algo, ou em determinado momento de nossas vidas – quando casarmos, quando tivermos filhos, quando tiver um bom emprego...
Mas mesmo conquistando tudo isso, é como se continuássemos com uma inquietação, querendo sempre mais.
Existe em nós um grande vazio, que é tão grande, que somente Deus pode preencher. Isso porque nós fomos criados para adorar a Deus, e somente assim, é que somos felizes.
O céu consiste nisso, em adorar a Deus. Em contemplá-lo, face a face, e adorá-lo.
O prêmio para aqueles que morrem na amizade com Deus, é a beatitude eterna, a felicidade plena de estar em sua presença e o adorá-lo, vivendo cheios do seu amor.
Por mais que tentássemos imaginar ou descrever o céu, não conseguiríamos, pois “olhos não viram, ouvidos não ouviram e o coração do homem não percebeu, tudo o que Deus preparou para os que o amam” (1 Cor 2,9).
Assim sendo, podemos desde já, nessa vida, alimentarmos cada vez mais o desejo do céu, e vive-lo, já nessa vida. Alimentamos esse desejo pela oração, na qual cresce a nossa sede de ver a Deus, na medida em que dialogamos com Ele, pela oração. E nos preparamos para céu, de forma mais clara na liturgia da Igreja.
Na liturgia, nos fazemos por meio de gestos, sinais e símbolos, aquilo que faremos no céu, sem a necessidade de mais nada, apenas contemplando a Deus: adora-Lo. É como rezamos na liturgia “Os vossos sacramentos, Senhor, realizem o que significam, a fim de que um dia possamos entrar em plena posse do mistério que agora em ritos celebramos” (oração pós comunhão do 30ª domingo do tempo comum, ano C).
Concluímos assim, que a melhor forma de nos prepararmos para o céu, é participando da liturgia da Santa Missa e vivendo uma vida de oração, alimentando a nossa amizade com Deus, e o desejo de contemplá-Lo.
PURGATÓRIO:
“Os que morrem na graça e na amizade com Deus, mas não estão completamente purificados, embora tenham garantida sua salvação eterna, passam, após sua morte, por uma purificação, a fim de obter a santidade necessária para entrar na alegria do céu” CIC 1030
Como nos ensina o catecismo, as pessoas que morrem na amizade de Deus, porém ainda estão marcadas pelos pecados que não purificaram em vida, ainda não estão prontas para entrar no céu.
Lembremos que todo pecado é uma ofensa feita a Deus, na qual devemos reparar essa ofensa, com atos de amor a Deus. Em vida, podemos fazer várias obras para reparar as nossas faltas – obras de misericórdia e de caridade – além de ganharmos indulgências que pagam essas nossas penas devidas pelo pecado cometido.
O purgatório é assim, o lugar onde aqueles que receberam em seu julgamento, o prêmio da eternidade com Deus, mas ainda não estão preparados. Poderíamos dizer ainda, que é a última das últimas misericórdia de Deus, que “não quer que ninguém pereça” (2 Pd 2,9). Assim, as almas que assim se encontram, passam por uma purificação, para poderem, em fim, adentrar o céu.
Vejamos o que as Sagradas Escrituras nos dizem sobre essa purificação:
“O Dia a tornará conhecida, pois ele se manifestará pelo fogo e o fogo provará o que vale a obra de cada um. Se a obra construída sobre o fundamento subsistir, o operário receberá a recompensa. Aquele, porém, cuja obra for queimada perderá a recompensa. Ele mesmo, entretanto, será salvo, mas como que através do fogo” (1 Cor 3, 10-15)
São Paulo em suas cartas, evidência que no fim de nossas vidas, todas as nossas obras serão como que colocada em uma balança, e ainda, testadas pelo fogo. Podemos compreender nesse fogo, o próprio Espírito Santo, que santifica e purifica todas nossas ações.
Em seus discursos escatológicos, que apontam para sua segunda vinda, Jesus sempre nos chama a vigilância, lembrando do prêmio destinados, para aqueles que permaneceram fiéis a Ele.
Mas também nos fala sobre os servos infiéis “Aquele servo que conheceu a vontade de seu senhor, mas não se preparou e não agiu conforme sua vontade, será açoitado muitas vezes. Todavia, aquele que não a conheceu e tiver feito coisas dignas de chicotadas, será açoitado poucas vezes” (Lc 12, 47-48).
Isso nos mostra que se não purificarmos as nossas faltas em vida, teremos que a fazê-las após a morte. Porém além de pagarmos os nossos pecados em vida, podemos ainda rezar por aqueles que padecem no purgatório, em sufrágio as essas almas que estão há purificar-se.
É o que vemos no segundo livro de Macabeus:
“Depois, tendo organizado uma coleta, enviou a Jerusalém cerca de duas mil dracmas de prata, a fim de que se oferecesse um sacrifício pelo pecado: agiu assim absolutamente bem e nobremente, com o pensamento na ressureição. De fato, se ele não esperasse que os que haviam sucumbido iriam ressuscitar, seria supérfluo e tolo rezar pelos mortos. Mas, se considerava que uma belíssima recompensa está reservada para os que adormeceram na piedade, então era santo e piedoso o seu modo de pensar. Eis por que ele mandou oferecer esse sacrifício expiatório pelos que haviam morrido, a fim de que fossem absolvidos do seu pecado” (2 Mac 12, 38-45).
É salutar rezar pelos mortos, principalmente tendo em vista que aqueles que padecem no purgatório, nada podem fazer por eles mesmos. Por isso é uma obra de caridade rezar pelos fiéis defuntos.
Podemos ainda, usando as palavras do papa Bento XVI, compreender o purgatório como um abraço de Jesus em nós.
Assim como uma pessoa, que tem muitas feridas, ao tomar um banho, sente dor ao receber a água lavando essas feridas, da mesma forma, o abraço de Jesus pode causar dor, devido as feridas do pecado que causamos, mas essa dor, purifica essas nossas feridas, e nos libertando de todas elas, nos abrem as portas do céu.
INFERNO:
“Na verdade eu vos digo: tudo será perdoado aos filhos dos homens, os pecados e todas as blasfêmias que tiverem proferido. Aquele, porém, que blasfemar contra o Espírito Santo, jamais será perdoado: é culpado de pecado eterno” (Mc 3, 28-29)
Aqueles que em vida, perverteram a liberdade dada por Deus, a utilizando para pecar, e não se arrependeram, buscando a conversão e o perdão de seus pecados, condenam a si mesmo, fugindo da face de Deus.
O inferno é o local destinado a essas almas, que não só deixaram de buscar a Deus, mas viveram já em suas vidas terrenas, longe das suas graças e misericórdia.
Jesus mesmo diz que todo pecado pode ser perdoado, porém o único pecado que não é perdoado, é contra o Espírito Santo. O Espírito é a verdade, então aquele que vive na mentira, ou seja, quem vive no pecado e não se arrepende, se priva da misericórdia de Deus.
Por mais que Deus deseje salvar a todos, Ele não nos obriga a andarmos em seus caminhos, então nos deixa viver a partir da liberdade, provando assim o seu amor por nós.
“O mar devolveu os mortos que nele jaziam, a Morte e o Hades entregaram os mortos que neles estavam, e cada um foi julgado conforme sua conduta. A Morte e o Hades foram então lançados no lago de fogo. Esta é a segunda morte: o lago de fogo. E quem não se achava inscrito no livro da vida foi também lançado no lago de fogo” (Ap 20, 13-14)
A pior dor daqueles que vivem no inferno, é não contemplarem a Deus, serem privados de ver a sua fase. E ainda, saber que é por toda a eternidade.
Esses recebem a segunda morte, a morte eterna. Saber da existência do inferno, não deve causar medo naqueles que amam a Deus e buscam viver na vontade divina.
Deve antes, gerar em nós a urgência em buscarmos a conversão da nossa vida, vivendo na vigilância e fidelidade a Nosso Senhor.
Continua na parte 03...... (Ressureição, Juízo Final)
Primeira parte: Morte, Julgamento particular
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