SACRAMENTO DA ORDEM
1. O SACERDOTE
O Batismo, a Confirmação e a Eucaristia são os sacramentos comuns a toda vocação, destinado à nossa salvação. Já os sacramentos da Ordem e do Matrimônio são sacramentos ordenados a salvação dos outros. A Ordem é o Sacramento graças ao qual a missão confiada por Cristo a seus Apóstolos continua sendo exercida, na Igreja, Até o fim dos tempos.
Mas para compreender esse Sacramento, é preciso retornarmos ao Antigo Testamento, onde já veremos a figura do Sacerdote.
A aliança entre Deus e o homem se inicia com Abraão, se estendendo aos seus filhos Isaac e Jacó, que terá doze filhos. Cada filho, forma uma tribo, na qual juntas, formam o povo de Deus. Uma das tribos – a tribo de Levi – foi escolhida para o serviço litúrgico, sendo responsáveis pela realização dos sacrifícios.
Os sacerdotes são constituídos para intervir em favor dos homens em suas relações com Deus, oferecendo sacrifícios por seus pecados, anunciando a palavra de Deus e buscando a comunhão do povo com Deus CIC 1540
Porém suas ações não tinham o poder de aplacar os pecados, e por isso precisavam repetir os sacrifícios. Será somente com Jesus, o novo e eterno sacerdote que, com o seu sacrifício, pode restaurar a comunhão do homem com Deus.
Como nos diz São Paulo “Convinha, por isso, que em tudo se tornasse semelhante aos irmãos, para ser, em relação a Deus, Sumo Sacerdote misericordioso e fiel, para expiar assim os pecados do povo” (Hb 2,17). Se no Antigo Testamento, Deus faz uma aliança com o povo, em Jesus, no Novo Testamento, a aliança não só é renovada, mas “em Jesus se tornou a garantia de uma aliança melhor” (Hb 7,22).
Com o sacrifício de Jesus, dando-se a si mesmo ao Pai, não há necessidade ne mais nenhum sacrifício. O que fazemos, é renovar esse sacrifício, fazendo memória, e atualizando para nossas vidas, para que assim possamos tomar parte dele. Mas quem pode realizar esses sacrifícios?
2. OS APÓSTOLOS E A IGREJA
Jesus é o único mediador entre Deus e os homens, na qual não temos mais a necessidade de mais ninguém. E como sabemos, recebemos todas as suas graças pelo Sacramento do Batismo, na qual fomos chamados a em Jesus, sermos sacerdote, profeta e rei. Porém cada batizado o vive de uma forma diferente, conforme a sua vocação.
Entre os discípulos que seguiam a Jesus, eis que Ele escolhe doze, para viverem mais intimamente com Ele, ouvindo as explicações de suas palavras, e vivendo de forma íntima os seus mistérios. E por fim, confiou a esses, a continuação da sua missão aqui na terra. Chamamos a esses de Apóstolos.
Para continuar a sua missão, Nosso Senhor deixa a sua Igreja, guiada pelo Espírito Santo, para que a salvação chegue a todos os povos, com o anuncio do Evangelho e levando Jesus a ser conhecido por todos.
Mas para realizar essa missão, Jesus mesmo transfere a sua graça, para que não apenas falem Dele, mas falem por Ele, e realizem as suas obras. Em outras palavras, que administrem os Sacramentos, possibilitando que todos possam chegar até Nosso Senhor.
Por isso devemos ter claro que não é possível separar Jesus da Igreja, pois como São Paulo nos ensina, Jesus “é a cabeça da Igreja, que é o seu corpo” (Cl 1,18). Somente através da Igreja de Cristo, que podemos chegar à fé e ao conhecimento de quem é Jesus, para depositarmos Nele, a nossa adesão.
Dessa forma, iniciando pelos Apóstolos e depois seus sucessores, a Igreja se torna sacramento da salvação, onde através de seus pastores, Jesus chega até nós, e nós somos levados até Ele. E é justamente graças ao sacramento da Ordem, transmitido de geração em geração, pelos sucessores dos Apóstolos.
3. SACRAMENTO DA ORDEM
O Sacramento da Ordem apresenta três graus: EPISCOPAL, PRESBITERAL, DIACONAL (bispo, presbítero / padre, diácono).
EPISCOPAL:
Sucessão apostólica, ininterrupta. Para desempenhar sua missão, os Apóstolos foram enriquecidos por Cristo com especial efusão do Espírito Santo. Eles mesmos transmitiram a seus sucessores, pela imposição das mãos, esse dom espiritual. Sua missão é a de santificar, ensinar e reger;
PRESBITERAL:
Colaboradores da ordem episcopal. São consagrados e ungidos pelos Bispos, podendo agir em nome e na pessoa de Cristo; Só podem exercer seu ministério na dependência do Bispo e em comunhão com ele. Sua missão é pregar o Evangelho, apascentar os fiéis e celebrar o culto divino;
DIACONAL:
São ordenados ao serviço, se tornam servidores de todos. O diácono está ligado ao Bispo, em suas tarefas. Sua missão é assistir aos Bispos e aos padres nas celebrações dos sacramentos, principalmente a Eucaristia, distribuir a Comunhão, assistir ao Matrimônio, proclamar o Evangelho e pregar, presidir funerais;
O Bispo, que é o sucessor dos Apóstolos, é o único que tem o poder de realizar esse sacramento, conferindo assim novos bispos, padres ou diáconos. O papa é o Bispo de Roma, e além disso, o vigário de Cristo, aquele que é o sucessor de Pedro, primeiro entre os Apóstolos.
É o papa, unido aos bispos do mundo inteiro, que confere a unidade da Igreja, juntamente com os padres, os diáconos, e depois todo povo de Deus. Por isso, para chegarmos à união com Deus, devemos estar sempre unidos a sua Igreja e ao papa, rezando sempre por suas intenções e por todo o clero.
4. CELEBRAÇÃO DO SACRAMENTO DA ORDEM
“Os Doze convocaram então a multidão dos discípulos e disseram: ‘Não é conveniente que abandonemos a Palavra de Deus para servir às mesas. Procurai, antes, entre vós, irmãos de boa reputação, repletos do Espírito de sabedoria, e nós os encarregaremos dessa tarefa. Quanto a nós, permaneceremos assíduos à oração e ao ministério da Palavra’. A proposta agradou a toda multidão. E escolheram Estêvão, homem cheio de fé e do Espírito Santo, Filipe, Prócoro, Nicanor, Timon, Pármensas e Nicolau, prosélito de Antioquia. Apresentaram-nos aos apóstolos e, tendo orado, impuseram-lhes as mãos” (At 6,2-8).
Para receber o Sacramento da Ordem, é preciso ser homem, batizado, viver o celibato – assim como Jesus escolheu doze Apóstolos, e esses escolheram colaboradores para sua missão. Sendo assim, a ordenação de mulheres não é possível. Ninguém deve achar que tem o direito de receber o sacramento da Ordem, pois é um chamado de Deus, sendo uma grande honra. CIC 1577 - 1578
A celebração desse Sacramento ocorre dentro da Santa Missa, com a participação do maior número de fiéis possíveis. O Rito passa pela imposição das mãos pelo Bispo sobre a cabeça do ordenado, seguindo com a oração de consagração pedindo a Deus a efusão do Espírito Santo e de seus dons para viver esse sacramento.
Conforme cada grau, eles recebem alguns símbolos:
Bispo: Livro dos Evangelhos; anel; mitra; báculo – em sinal de sua missão apostólica de anúncio da Palavra de Deus, de sua fidelidade à Igreja, esposa de Cristo, de seu cargo de pastor do rebanho do Senhor;
Presbítero: patena e cálice – sinal da oferenda do povo, que ele oferece a Deus;
Diácono: livro dos Evangelhos – sinal da missão de anunciar o Evangelho de Cristo;
Aquele que está sendo ordenado bispo ou presbítero, tens as mãos ungidas com o óleo, como sinal da unção do Espírito Santo, que o conduzirá em sua missão e em seu ministério.
5. EFEITOS DO SACRAMENTO
Assim como os Sacramentos do Batismo e da Confirmação, que deixam um nós uma marca que não pode ser apaga, o Sacramento da Ordem deixa uma marca em quem o recebe, o que o confere para sempre como sacerdote.
É uma graça do Espírito Santo, a configuração daquele que recebem esse Sacramento, à Cristo Sacerdote, Mestre e Pastor, do qual o homem ordenado é constituído Seu ministro.
A vida do ministro ordenado, é doada toda a Igreja e ao próximo. Um sinal dessa doação é o celibato, sinal desta nova vida, a serviço da qual o ministro da Igreja é consagrado. Aceitando com coração alegre, ele anuncia de modo radiante o Reino de Deus. CIC 1579
Na administração dos Sacramentos, sobretudo o da Eucaristia, o ministro ordenado os realiza IN PERSONA CHRISTI (na pessoa de Cristo), onde “é o próprio Cristo que está presente em sua Igreja como Cabeça de seu corpo e Pastor de seu rebanho, Sumo Sacerdote do sacrifício redentor” CIC 1548. É Ele quem age por meio dos sacerdotes.
Pelo ministério ordenado, especialmente dos Bispos e dos presbíteros, a presença de Cristo se tona visível no meio de nós. Segundo a bela expressão de Santo Inácio de Antioquia, o Bispo é a imagem viva de Deus Pai CIC 1549
Porém a presença de Cristo no ministro não lhe torna imune as fraquezas humanas, mas garante a realização dos sacramentos, independente dos erros e pecados do ministro. Cabe a nós rezar pela santificação daqueles que receberam o Sacramento da Ordem, para que sejam dóceis ao Espírito Santo e a vontade de Deus.
O ministro ordenado deve viver o Sacramento recebido tendo como modelo o próprio Cristo que, por amor, foi o primeiro a se fez o último e servo de todos. Cuidar do rebanho de Nosso Senhor é uma prova de amor para com Ele.
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