SACRAMENTOS - PENITÊNCIA

SACRAMENTO DA PENITÊNCIA

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1. A AÇÃO DO PECADO


“Eis que eu nasci na iniquidade, minha mãe concebeu-me no pecado” Sl 50,7

Após o pecado original, todos os homens e mulheres já trazem em seu nascimento, a mancha do pecado original. Essa mancha é devida a dívida que o ser humano tinha para com o seu criador.

Sendo assim, mesmo não tendo cometido pecado ainda, o homem já trazia o pecado contraído, mas devido a sua natureza, era questão de tempo para também ter o pecado cometido.

Com o Sacrifício de Jesus na cruz, essa dívida foi paga, e assim, a mancha do pecado pode ser apagada. 

Continuamos nascendo com a mancha do pecado, porém apagamos essa mancha quando recebemos o Sacramento do Batismo.

Porém, mesmo apagando o pecado original, continuamos com os efeitos do pecado, cujo um dos maiores efeitos é a concupiscência da carne que é a inclinação a fazer aquilo é mal, ou seja, ao pecado.

Dessa forma, mesmo após receber o Batismo, e receber todas as graças desse Sacramento – se tornando Filho de Deus e podendo assim habitar na eternidade com o Pai – continuamos correndo o risco de perder essas graças, quando optamos pelo pecado.

O pecado, como sabemos, é antes de tudo, uma ofensa feita a Deus, e todas as vezes que cometemos um pecado duas coisas acontecem: a CULPA e a PENA.

Somos culpados do mal que realizamos, e que por isso, uma pena deve ser paga para ser reparado esse mal realizado.

Mas vamos entender o que é necessário para que o ato cometido seja um pecado:

1) Consciência: Só é pecado, quando se tem consciência de que está fazendo aquilo, e de que isso é errado;
2) Decisão livre: Precisa ser uma decisão livre, ou seja, com a sua liberdade, optar por fazer aquela ação;

Além disso, para avaliar o pecado cometido, devemos ver que o pecado possui uma matéria que pode grave ou leve. É isso que vai disser se é pecado VENIAL – pecado simples – ou pecado MORTAL – pecado grave. 

O pecado venial, pode ser apagado com uma verdadeira contrição, que seria um arrependimento; porém o pecado grave só pode ser apagado pelo Sacramento da Penitência.

2. SACRAMENTO DA PENITÊNCIA


“Soprou sobre eles e lhes disse: Recebei o Espírito Santo. Aqueles a quem perdoardes os pecados serão perdoados; aqueles aos quais retiveres serão retidos” (Jo 20,22-23)

Assim como o Sacramento do Batismo, Jesus transferiu para a sua Igreja, com os Apóstolos e seus sucessores, o poder de perdoar os pecados, na qual só Deus pode realizar. 

Mas afinal, o que é o Sacramento da Penitência?

Este sacramento é o convite de Jesus à conversão, o caminho de volta ao Pai, do qual a pessoa se afastou quando optou pelo pecado. Como Ele mesmo nos diz “Arrependei-vos e crede no Evangelho” (Mc 1,15). 

Como dissemos, a vida nova recebida pelo batismo, não retirou a fragilidade e a fraqueza da natureza humana, nem a inclinação ao pecado, as quais continuam nos batizados para prová-los no combate da vida cristã, auxiliados pela graça de Cristo.

É o combate da conversão para chegar à santidade e à vida eterna, para qual somos incessantemente chamados pelo Senhor. 

E esse combate começa pela penitência que é um ato de reorientar radicalmente toda a vida, retornando para Deus de todo o nosso coração.

Requer ruptura com o peado, aversão ao mal, repugnância às más obras que cometemos. Ao mesmo tempo, é o desejo e a resolução de mudar de vida com a esperança da misericórdia divina e a confiança na ajuda de sua graça. 

A penitência interior pode se dar de muitas formas, mas as principais são o jejum, a oração e a esmola.

Este Sacramento possui muitos nomes: Confissão, Perdão, Penitência. E todos eles mostram uma característica desse Sacramento. 

Por ele, recebemos o perdão de Deus, mediante a confissão dos nossos pecados, e a penitência, direcionando a nossa vida novamente para Deus, buscando reparar os pecados que cometemos.

Existe na Igreja uma intrínseca ligação entre os seus membros e o seu criador, Jesus Cristo.

Por isso, quando pecamos, ofendemos não somente a Deus, rompendo a nossa comunhão com Ele, mas também atentamos contra a comunhão da Igreja. 

No Sacramento da Penitência, reconciliamos tanto a nossa comunhão com Deus quanto da Igreja.

- A reconciliação com a Igreja

“Eu te darei as chaves do Reino dos Céus e o que ligares na terra será ligado nos céus, e o que desligares na terra será desligado nos céus” (Mt 16,19). 

As palavras ligar e desligar significam: aquele que excluirdes da vossa comunhão, será excluído da comunhão com Deus. E aquele que acolher novamente, Deus também acolherá. Dessa forma compreendemos que a reconciliação com a Igreja é inseparável da reconciliação com Deus, afinal, a Igreja é próprio Cristo.

- A contrição

É o Espírito Santo que persuade o mundo sobre o pecado e que dá ao coração do homem a graça do arrependimento e da conversão. 

A conversão é, antes de tudo, obra da graça de Deus que reconduz nossos corações a ele. O coração humano converte-se, olhando para aquele que foi transpassado por nossos pecados.

A conversão passa pela contrição, que é uma dor da alma e na detestação do pecado cometido, com a resolução de não mais pecar no futuro. Essa contrição pode ser de duas formas: perfeita e imperfeita.

Contrição perfeita: Quando brota do amor de Deus. Ela por si só obtém o perdão dos pecados veniais e mortais, desde que se tenha a firme resolução de recorrer, quando possível, ao Sacramento da Penitência.

Contrição imperfeita: Nasce da consideração do peso do pecado ou do temor da condenação eterna. Não obtém o perdão dos pecados, mas predispõe a obtê-lo no sacramento da penitência.

3. SÓ BASTA SE CONFESSAR?

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A absolvição tira o pecado, mas não remedia todas as desordens que ele causou. Por isso é preciso fazer algo a mais para satisfazer ou expiar os pecados cometidos

Em outras palavras, o Sacramento apaga a nossa culpa pelo pecado, porém ainda permanece a pena causada pelos pecados.

Essa satisfação ou expiação dos pecados pode se dar pela penitência ou por meios das indulgências

Assim, o confessor pode impor a penitência, conforme o pecado cometido. 

Entretanto, a nossa satisfação só vale por intermédio de Jesus Cristo, ou seja, com a graça de Deus, nos reconhecemos pecadores, pelos méritos de Cristo na cruz, alcançamos o perdão, e também só com a graça de Cristo é que conseguimos pagar as nossas penas.

- Indulgências

A indulgência é a remissão, diante de Deus, da pena devida pelos pecados, após já ter confessado e ter adquirido o perdão da culpa do pecado (CIC 1471)

A Igreja administra aquilo que chamamos de ‘Tesouro da Igreja’ que é o valor infinito e inesgotável que têm junto a Deus as expiações e os méritos de Cristo, nosso Senhor, oferecidos para que a humanidade toda seja libertada do pecado e chegue à comunhão como Pai. 

É em Cristo, nosso redentor que se encontram, em abundância, as satisfações e os méritos de sua redenção.

Além disso, no Tesouro da Igreja está também os méritos dos Santo e da Virgem Maria, que seguindo a Nosso Senhor Jesus Cristo, e por sua graça, santificaram a sua vida, e colaborando para a santificação de todos os membros do copo místico de Jesus, a Igreja.

Assim podemos receber indulgências para pagar as nossas penas, ou aplicá-las aos fiéis defuntos que não pagaram suas penas em vida.

Quando recebemos o perdão das culpas dos pecados cometidos, somos readmitidos entre os filhos de Deus, e assim podemos ir para a eternidade com Deus. 

Porém isso só pode ocorrer após pagarmos as nossas penas, seja em vida, ou no Purgatório após a morte. 

Em vida, temos a penitência e as indulgências para pagar as penas, porém após a morte, somente a oração e indulgência dos outros membros da Igreja é quem podem nos ajudar.

As indulgências são dadas pela Igreja, através de algumas obras que podemos realizar, como meditar as Sagradas Escrituras todos os dias, rezar o rosário em comunidade, meditar a Via Sacra, e tantos outros. 

Ela pode ser ainda parcial ou total, apagando parte ou toda a nossa pena.

4. REALIZAÇÃO DO SACRAMENTO


O Sacramento ocorre com dois movimentos: os atos do homem que se converte sob a ação do Espírito Santo, a saber, a contrição, a confissão e a satisfação; e a ação de Deus por intermédio da Igreja.

Convém preparar a recepção deste sacramento fazendo um exame de consciência à luz da Palavra de Deus, procurando relembrar em nossas ações, a vezes que ofendemos a Deus, seja diretamente, ou por meio de nossos irmãos.

Os penitentes devem na confissão, enumerar todos os pecados mortais de que se têm consciência, realmente se acusando dos seus maus atos, sem justificá-los

Na confissão dos pecados, o homem encara os pecados dos quais se tornou culpado; assume a responsabilidade deles e, assim, se abre de novo a Deus e à comunhão da Igreja.

Após disser toda confissão, recitamos o Ato de Contrição, reconhecendo que somos pecadores, que ofendemos a Deus, mas que estamos arrependidos e dispostos a não cometer mais o pecado. 

O sacerdote então dará a absolvição, se tornando o canal para que a graça e perdão de Deus chegue a nós.

Fórmula da absolvição: “Deus, Pai de misericórdia, que pela morte e ressureição de seu Filho, reconciliou o mundo consigo e enviou o Espírito Santo para remissão dos pecados, te conceda, pelo ministério da Igreja, o perdão e a paz. Eu te absolvo dos teus pecados, em nome do Pai e do Filho e do Espírito Santo”.

O sacerdote poderá ainda dar ao confessor uma penitência, levando em consideração os pecados cometidos. Pode ser alguma oração ou alguma obra a ser realizada. 

O importante é sabermos que o perdão está vinculado a penitência, onde devemos cumpri-la para o Sacramento ter o seu efeito

- Sigilo sacramental: 

O confessor está obrigado a guardar segredo absoluto a respeito dos pecados que lhe confessaram, e também, não pode fazer uso do conhecimento da vida dos penitentes adquirido pela confissão.

5. SEUS EFEITOS


O maior efeito deste sacramento é justamente a reconstituição da graça de Deus e de nos unir a ele com a máxima amizade. Esta é a finalidade deste sacramento.

Além disso nos traz a Paz e tranquilidade da consciência, de saber que andamos na amizade com Deus.

- Reconciliação com a Igreja: Não cura somente o penitente, mas toda a Igreja, que sofreu junto com um de seus membros. 

Além disso, restabelece o penitente na comunhão com os santos, sendo fortalecido pelos bens espirituais de todos os membros.

O penitente reconciliado com Deus, também se reconcilia consigo mesmo e com os irmãos, a Igreja e com toda a criação;

- Outras informações:

Todo fiel, depois de ter chegado à idade da razão, deve se confessar seus pecados graves, pelo menos uma vez por ano;

Aquele que tem consciência de ter cometido um pecado grave, não deve tomar a Sagrada Comunhão, sem antes se confessar, a menos que tenha um motivo grave para comungar, ou que seja impossível chegar a um confessor – CIC 1457

Não é estritamente necessária a confissão dos pecados veniais, porém é vivamente recomendada; 

A confissão regular dos nossos pecados veniais, nos ajuda a formar a consciência; a lutar contra nossas más tendências; a nos deixarmos curar por Cristo; a progredir na vida do Espírito – CIC 1458

Alguns pecados particularmente graves são passíveis de excomunhão – pena mais severa – e somente o Papa ou o Bispo local podem realizar a confissão. Com exceção de caso de perigo de morte, onde qualquer padre pode realizar o sacramento – CIC 1463

Ao se aproximar do sacerdote, devemos ter a certeza de que é para Deus que iremos confessar os nossos pecados, e dele receber o perdão

A maravilha desse sacramento é que o perdão de Deus é perfeito, e diferente do nosso. Nós até perdoamos, mas não esquecemos as ofensas que recebemos. 

Deus não só perdoa, como que ‘apaga’ de sua memória, os nossos pecados, e assim realmente ganhamos um novo começo.

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