Santo Hilário de Poitiers

 SANTO HILÁRIO DE POITIERS

BISPO E DOUTOR DA IGREJA

Gostaria hoje de falar de um grande Padre da Igreja do Ocidente, Santo Hilário de Poitiers, uma das grandes figuras de Bispos do século IV. 

Em relação aos arianos, que consideravam o Filho de Deus, Jesus, uma criatura, mesmo se excelente, mas só criatura, Hilário consagrou toda a sua vida à defesa da fé na divindade de Jesus Cristo, Filho de Deus e Deus como o Pai, que o gerou desde a eternidade.

Não dispomos de dados certos sobre a maior parte da vida de Hilário. As fontes antigas dizem que nasceu em Poitiers, provavelmente por volta do ano 310. De família rica, recebeu uma sólida formação literária, que se reconhece bem nos seus escritos. 

Não parece ter crescido num ambiente cristão. Ele mesmo nos fala de um caminho de busca da verdade, que o conduziu pouco a pouco ao reconhecimento do Deus criador e do Deus encarnado, que morreu para nos dar a vida eterna.

Era precisamente este o seu dom:  conjugar fortaleza na fé e mansidão na relação interpessoal. 

Nos últimos anos de vida ele compôs ainda os Tratados sobre os Salmos, um comentário sobre cinquenta e oito Salmos, interpretados segundo o princípio evidenciado na introdução da obra:  "Não há dúvida de que todas as coisas que se dizem nos Salmos se devem compreender segundo o anúncio evangélico, de modo que, seja qual for a voz com a qual o espírito profético tenha falado, tudo esteja todavia referido ao conhecimento da vinda de Nosso Senhor Jesus Cristo, encarnação, paixão e reino, e à glória e poder da nossa ressurreição" (Instructio Psalmorum, 5).

Para resumir a essência da sua doutrina, gostaria de dizer que Hilário encontra o ponto de partida da sua reflexão teológica na fé baptismal. 

No De Trinitate Hilário escreve:  Jesus "comandou que baptizassem em nome do Pai e do Filho e do Espírito Santo (cf. Mt 28, 19), isto é, na confissão do Autor, do Unigénito e do Senhor. Um só é o Autor de todas as coisas, porque um só é Deus Pai, do qual tudo procede. 

E um só é Nosso Senhor Jesus Cristo, mediante o qual todas as coisas foram criadas (1 Cor 8, 6), e um só é o Espírito (Ef 4, 4) dom em todos... Em nada pode faltar uma plenitude tão grande, na qual convergem no Pai, no Filho e no Espírito Santo a imensidão no Eterno, a revelação na Imagem, a glória no Dom" (De Trinitate 2, 1).

Precisamente por isso o caminho rumo a Cristo está aberto a todos porque ele atraiu todos no seu ser homem mesmo se é sempre exigida a conversão pessoal:  

"Mediante a relação com a sua carne, o acesso a Cristo está aberto a todos, sob condição de que se despojem do homem velho (cf. Ef 4, 22) e o preguem na sua cruz (cf. Cl 2, 14); sob condição de que abandonem as obras de antes e se convertam, para serem sepultados com ele no seu baptismo, em vista da vida (cf. Cl 1, 12; Rm 6, 4)" (Ibid., 91, 9).

Gostaria de concluir a catequese de hoje com uma destas orações, que se torna assim também nossa oração:  

"Faz, ó Senhor recita Hilário de maneira inspirada com que eu me mantenha sempre fiel ao que professei no símbolo da minha regeneração, quando fui batizado no Pai e no Filho e no Espírito Santo. Que eu te adore, nosso Pai, e juntamente contigo e com o teu Filho; que eu mereça o teu Espírito Santo, o qual procede de ti mediante o teu Unigénito... Amém" (De Trinitate 12, 57).


Bento XVI - Audiência Geral (10/10/07) 



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