DONS E VIRTUDES - CONSELHO / PRUDÊNCIA

DONS DO ESPÍRITO SANTO E AS VIRTUDES - CONSELHO

‘O dom do Conselho nos faz partilhar da docilidade amorosa de Jesus à vontade do Pai e realiza-la com extrema perfeição’ 

(Livro Pentecostes e a Igreja, Cesar Augusto)

1.Dom do Espírito Santo

Geralmente costumamos pensar que esse dom se refere a ‘dar conselhos’ para as pessoas, mas na verdade, o mais correto seria compreender o ‘conselho’ que Deus dá para nossa vida, ou em outras palavras, compreender qual é a Sua vontade para nós.

Dessa forma, o dom do conselho nos faz perceber a vontade de Deus em nós, a partir dos acontecimentos da vida, mas também de forma direta, quando nos permitimos ouvir a voz de Deus, que nos fala pelo Espírito Santo, pelas Sagradas Escrituras, e até mesmo por nossos irmãos. 

Para isso, precisamos ter docilidade, e nos acostumar a buscar e ouvir a Deus.

Como já sabemos, ninguém cumpriu melhor e perfeitamente a vontade do Pai, do que Nosso Senhor Jesus Cristo. E isso se dá, pelo fato de ninguém conhecer melhor o Pai, do que o Filho. 

Mas quando Ele assume a nossa natureza, e se faz homem, vemos que Jesus constantemente se retira para rezar, para conversar com o Pai. É dessa forma que vemos Jesus buscando compreender a vontade do Pai, para assim cumprir.

“Pai, se queres, afasta de mim este cálice! Contudo, não a minha vontade, mas a tua seja feita!” (Lc 22,42)

A vontade de Deus se dá de duas formas em nossas vidas: de forma objetiva e subjetiva. 

A forma objetiva é para todas as pessoas, onde somos chamados a cumprir os mandamentos de Deus e da Igreja. Já a forma subjetiva, é a vontade de Deus para nossa vida pessoal, e a descobrimos pelo dom do Conselho. 

Em alguns casos, quando nos tornamos dóceis ao Espírito Santo, passamos a perceber a vontade de Deus na vida daqueles que estão ao nosso redor, e assim também podemos ajudar aos nossos irmãos.

COMO CULTIVAR ESSE DOM: 

Assim como todos os demais dons, nos adquirimos e cultivamos os dons pela súplica ao Espírito Santo, pedindo que Ele nos dê esse dom. 

Depois, a melhor forma de adquirirmos o dom do conselho, é buscando praticar e cumprir a vontade de Deus, em todas as coisas, desde as menores, a partir da Lei de Deus e da Igreja, dependendo no nosso estado de vida (solteiro, casado, celibatário). 

“Quem é fiel nas coisas mínimas, é fiel também no muito” (Lc 16,10)

2.VIRTUDE: PRUDÊNCIA

Para nos abrirmos e nos preparamos para o dom do Conselho, e ouvirmos a vontade de Deus diretamente, devemos nos habituar a ouvir a voz e Deus e de buscar, no dia a dia, executá-la. E fazemos isso por meio da VIRTUDE DA PRUDÊNCIA.

Conforme o catecismo ‘a prudência é a virtude que dispõe a razão prática a discernir, em qualquer circunstância, nosso verdadeiro bem e a escolher os meios adequados para realiza-lo - CIC 1806

Em resumo, a prudência é a perfeição na capacidade de agir, buscando não só o que é bom, mas também os meios e caminhos corretos para alcançar esse bem.

Pela virtude da prudência, vamos formando o juízo da consciência. O homem prudente decide e ordena sua conduta seguindo este juízo. 

Graças a esta virtude, aplicamos, sem erro, os princípios morais aos casos particulares e superamos as dúvidas sobre o bem a praticar e o mal a evitar  - CIC 1806.

Ser prudente é agir de modo pensado, racional, e não de forma instintiva e inconsciente. E indo mais além, é prudente aquele que age pela razão, iluminada pela fé, ou seja, antes de qualquer decisão, sempre se considera o que agrada ou não a Deus.

Na prática, a prudência passa por três partes:

1- Estudo e reflexão da questão: 

Analisar a questão a ser decidida, apresentando a Deus em oração e invocando o Espírito Santo. Sempre confiando em Deus, sabendo que Ele sempre nos ajuda quando buscamos a sua ajuda. 

Para isso é preciso vencer a preguiça e a falta de tempo de pensar, refletir sobre o problema ou decisão que precisa ser tomada;

2- Decidir com sabedoria: 

Após avaliar a questão, é precisa tomar a decisão do que deve ser feito. Para isso, devemos levar em consideração as nossas fraquezas e inclinações, que podem prejudicar a nossa decisão.

Na decisão devemos sempre buscar o que é moralmente melhor, bom, ou o ‘menos pior’;

3- Executar com firmeza: 

Por fim, é preciso executar aquilo que decidimos. Nesse momento, não devemos nos levar pela pressa ou a hesitação. 

É preciso ainda vencer o comodismo e o medo, que nos paralisam e nos deixam na indecisão. Procurando a melhor forma para executar, chegamos à virtude da prudência;


“O homem prudente é lento na reflexão e rápido na execução” S. Tomás de Aquino. 

Usando um exemplo, quando uma luz muito forte vem em nossa direção, o nosso reflexo e instinto nos faz fechar os olhos. 

A prudência, diante de um conflito ou desafio, nos faz justamente agir de modo contrário, abrindo os olhos, indo de frente a questão, para tomar uma decisão e atitude.

Agindo dessa forma, vamos nos tornando pessoas prudentes, onde nem sempre iremos acertar, porém sempre vamos treinando a prática dessa virtude, que com o tempo passa a sempre nos jogar na direção e decisão mais correta a ser tomada.

CAMINHO CONTRÁRIO A VIRTUDE DA PRUDÊNCIA: 

Quando não agimos de forma prudente, caímos na imprudência. Ela se dá quando não refletimos antes de tomar uma decisão, ou quando, refletindo sobre o que é melhor, tomamos uma decisão contrária, pensado, por exemplo, no prazer momentâneo, sem pensar nas consequências. 

Além disso, somos imprudentes quando nos deixamos levar pelos nossos instintos (seja pela comida, bebida, impulsos sexuais...) ou pela timidez e o medo.

- Virtude da Ordem: 

Outra virtude que nos ajuda quanto a virtude da prudência e o dom do Conselho, é a virtude da ordem. Ela consiste precisamente em decidir-se, livremente, em por a vida em ordem, empregando os meios adequados para isso. 

É colocar uma hierarquia de valores, na qual para um cristão, Jesus deve ser sempre o centro de sua vida, e a partir dele, ordenar as demais coisas em nossas vidas. 

Essa virtude também nos lembra dos nossos deveres e até eles são ordenados – primeiro para com Deus, depois para os outros, e por fim para com a gente mesmo.

Outro ponto que a virtude da ordem ordena, é o tempo, onde podemos ser mais produtivos, e cumprir aquilo que nos propusemos a fazer. 

Para isso, não precisa ter uma boa capacidade de organização, mas antes, ter o desejo sincero de buscar a ordem do tempo, e de todas as áreas da nossa vida.

“A prudência é a regra certa da ação” (S. Tomás). A virtude da prudência ainda ordena e controla todas as outras virtudes, dando a medida certa, para que não deixem de ser virtudes, não errando nem para mais e nem para menos.


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