DONS E VIRTUDES - SABEDORIA / CARIDADE

DONS DO ESPÍRITO SANTO E AS VIRTUDES -  SABEDORIA

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‘O dom da Sabedoria nos faz usufruir ainda na terra da nossa união com Deus, participando do sabor do relacionamento íntimo de Jesus aqui na Terra com o Pai’ 

(Livro Pentecostes e a Igreja, Cesar Augusto)

1.DOM DO ESPÍRITO SANTO

O dom da sabedoria é o dom do Espírito Santo que nos faz reconhecer e nos relacionar com Deus de forma saborosa, e assim, nada mais passa a ser custoso, nada se torna empecilho e de nada mais reclamamos, pois já passamos a experimentar um pouco do que teremos na eternidade, que é contemplar a Deus.

O dom da sabedoria é a perfeição e o grau máximo de todas as virtudes e dons, aperfeiçoando todas as graças que recebemos de Deus, e todas virtudes e dons que ainda não nos abrimos inteiramente para ação do Espírito Santo. 

É como se Deus mesmo rouba-se o nosso coração, e já nos sentíssemos perto Dele.

Esse dom nos faz participar do que é mais íntimo do relacionamento de Jesus com o Pai, nos convidando a participar desse diálogo eterno de amor que há entre o Pai e o Filho, e que graças a esse dom do Espírito Santo, chega a nós, e nos faz amar a Deus sem nenhum desejo de ser recompensado por Ele.

“Portanto, deveis ser perfeitos como vosso Pai celeste é perfeito” (Mt 5,48)

É o dom da sabedoria, unido a virtude da caridade, que nos leva a perfeição, pedida por Nosso Senhor. Ela eleva a ação das virtudes teologais e eleva à perfeição as virtudes cardeais. 

Nos faz viver com o coração no céu, tendo um grande conhecimento de Deus, na qual somente Ele deseja e por Ele suspira. 


“Meu coração diz a teu respeito: Procura sua face! É tua fase Senhor que eu procuro, não me escondas a tua face”. (Sl 27)


COMO CULTIVAR ESSE DOM: 

Cultivamos o dom da sabedoria, suplicando ao Espírito Santo e cultivando todos os outros dons, além de nos esforçar no exercício das virtudes. 

No nosso batismo, já recebemos todos os sete dons do Espírito Santo, e ao longo da vida, conforme vamos nos abrindo a ação de Deus, eles vão operando e nos moldando, conforme a vontade de Deus em nossa vida. 

Para isso, precisamos colaborar com a ação de Deus, deixando que Ele opere, nos converta, e nos santifique.


2.VIRTUDE: CARIDADE

1 Coríntios 13,1-13 – Hino a caridade;

Assim como o dom da Sabedoria é a perfeição de todos os demais dons, a virtude que nos ajuda com a Sabedoria é a Caridade, que é a rainha de todas as virtudes, pois ela aperfeiçoa e amadurece todas as virtudes.

É a virtude que mais nos une a Deus, sendo o seu próprio amor, que somos chamados a viver já nessa terra. Se três são as virtudes teologais – fé, esperança e caridade – a maior delas é a caridade, como nos lembra S. Paulo:

“Agora, portanto, permanecem fé, esperança, caridade, essas três coisas. A maior delas, porém, é a caridade” (1 Cor 13,13)


Isso porque na eternidade, não precisaremos mais de fé, pois contemplaremos a Deus face a face; não precisaremos de esperança, pois enfim tudo está realizado. Mas viveremos no amor de Deus, que o fundamento da caridade.

Assim podemos resumir a caridade: o amor de Deus. Vivemos esse amor – a Deus, a nós e ao próximo – em graus diferentes, que muitas vezes chamamos tudo de caridade, mas entender a diferença, nos ajuda a crescer nessa virtude:

Esmola: é aquilo que nos sobra, e que podemos dar a quem precisa. 

É um ato nobre, e o princípio da caridade, quando reconhecemos que aquilo que nos sobra ou que temos em excesso, pode ajudar e suprir a necessidade do outro. 

Por isso não devemos menosprezar a esmola, mas procurar praticá-la.

Misericórdia: os atos de misericórdia, por mais belos que possam ser, ainda não é a caridade propriamente falando.

É quando ajudamos o próximo, porque ele precisa, dando além da esmola, mas podendo até fazer sacrifícios de dar algo nosso, tirando daquilo que precisamos, porque o outro precisa mais.

Mas a motivação, geralmente, é justamente ajudar o próximo, porque ele precisa;

Caridade: é um passo a mais da misericórdia, pois não ajudamos o próximo porque ele precisa ou necessita, mas porque Deus, na pessoa do outro, está sofrendo e necessitando.

Assim, a motivação da caridade, é amar a Deus, na pessoa do próximo. Aos nossos olhos, não é possível separar um ato de misericórdia de um ato de caridade, pois duas pessoas podem fazer a mesma ação. 

Mas um pode ajudar por compaixão ou pena daquele que necessita – praticando a misericórdia – e o outro ajudar por amor a Deus na pessoa do próximo – praticando a caridade.


Somos chamados a realizar atos de esmola e de misericórdia, para assim vivermos a nossa fé, em comunhão com nossos irmãos, especialmente aqueles que mais necessitam. 

Esses atos, quando praticados com a vontade de buscar o bem do próximo, vão alargando o nosso coração, e se abre cada vez mais a caridade. 

Na prática, a caridade é querer o bem do próximo, e o maior bem que podemos desejar ao outro, é Deus, o céu, a eternidade

O mais difícil é amar aqueles que não gostamos, que não temos afinidade ou ainda, aqueles que nos fizeram algum mal. 

Mas devemos sempre nos lembrar que amor não está no sentimento, e sim na decisão, onde por amor a Deus, podemos e devemos amar essas pessoas.

"Se alguém me ama, guardará minha palavra e meu Pai o amará e a ele viremos e nele estabeleceremos morada" (Jo 14,22)

Quando amamos a nós mesmos ou ao próximo, por um motivo distinto da vontade de Deus, não se trata de caridade. 

Pode ser por filantropia ou ainda por egoísmo, pensando unicamente nas vantagens que poremos ter. 

CAMINHO CONTRÁRIO A VIRTUDE DA PRUDÊNCIA:

Alguns pecados que são opostos à caridade – CIC 2094:

Ódio: O maior pecado que podemos cometer é o ódio a Deus, que vem do orgulho. Mas também ofendemos a Deus quando odiamos o próximo;

Acídia: Tédio ou preguiça espiritual (tibieza). Faz com que não busquemos a Deus, e busquemos apenas o prazer nas coisas desse mundo. Pode causar ainda a malícia, o rancor, a pusilanimidade, o desespero;

Inveja: Se opõem ao bem do próximo, querendo para si, o que o outro tem; se entristece com a felicidade do próximo. A caridade nos chama a se alegrar com o bem do próximo;

Discórdia: Se opõem à paz e a concórdia, onde geralmente buscamos a nossa vontade, ao invés da vontade de Deus em relação a nós ao próximo;

Além disso tem a ingratidão, quando não reconhecemos o amor de Deus, em tudo aquilo que Ele fez e continua fazendo por nós. 

A justiça de que tem gratidão, é pagar o amor com amor, a começar pelo amor divino.


“A caridade é uma amizade entre Deus e o homem” S. Tomás de Aquino


Por fim, alimentamos a caridade, a partir no nosso relacionamento com Deus. 

Na medida em que aumenta a nossa adesão a pessoa de Jesus, em que buscamos ouvir as suas palavras, receber os sacramentos, e viver a Sua vontade, buscamos o amor de Deus, que se expressa na figura do outro.


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