SÍMBOLO DE FÉ - INTRODUÇÃO
1. O HOMEM E DEUS
Todo ser humano tem dentro de si, um desejo por Deus. É o desejo que temos de ser feliz, de sermos plenamente saciados, o que só pode ocorrer com o nosso criador, que não apenas no criou, mas nos sustenta todos os dias.
Quando compreendemos isso, somos chamados a dar uma resposta a Deus, de adesão a nossa vida, como nos descreve o catecismo:
“A fé é a resposta do homem a Deus que se revela e a ele se doa, trazendo, ao mesmo tempo, uma luz superabundante ao homem em busca do sentido último de sua vida” – CIC 26
Daí surgem aquilo que já vimos que se chama religião, que nos faz sempre buscar a felicidade, que só encontramos em Deus. Mas apesar de Deus não cessar de atrair o homem a si, podemos esquecer, ignorar e até negar esse desejo de encontrar a Deus: seja por nos revoltarmos por conta do mal no mundo; por maus testemunhos, principalmente dos cristãos, etc.
Por isso que o esforço para encontrar a Deus, exige todo o nosso ser, a começar por nossa inteligência, apesar de nunca conseguirmos conhecer tudo de Deus. Conhecemos apenas aquilo que Ele nos revela, e mergulhamos em seus mistérios, na medida em que a nossa adesão a Ele aumenta.
Depois precisamos da nossa vontade, que constantemente vai contra a vontade de Deus. É preciso reconhecer que a vontade divina é infinitamente melhor que a nossa, e que é ela que nos leva a felicidade e a realização da nossa existência.
Por afim, para encontrar a Deus, precisamos do testemunho de outras pessoas que já o encontraram, para que assim, possam nos comunicar a fé. Isso ocorre na Igreja, desde aqueles que viveram com Jesus, e por Ele foi enviado a anuncia-Lo.
“Nos fizeste para vós e o nosso coração não descansa enquanto não repousar em vós” (S. Agostinho)
2. COMO CONHECER A DEUS
A fé é antes de tudo, um relacionamento íntimo com Deus, na qual vamos dando a Ele, a nossa adesão de vida. Porém, para que essa fé seja verdadeira, ela precisa estar na verdade, e por isso dizemos que a fé tem um conteúdo, que nada mais é, do que a revelação de quem é Deus.
Chegamos a essa revelação de duas formas:
1) Razão natural
“O que se pode conhecer de Deus é manifesto entre eles, pois Deus lhe revelou. Sua realidade invisível – seu eterno poder e sua divindade – tornou-se inteligível, desde a criação do mundo, através das criaturas, de sorte que não tem desculpa” (Rm 1,19-20)
Como nos diz São Paulo em suas cartas aos Romanos, Deus se tornou conhecido e se revelou a todos pela criação. A perfeição de toda criação nos leva a nos voltar para o Criador, ou seja, toda vez que contemplamos uma bela paisagem, ou nos encantamos com a lógica que existe em todo o universo e em cada criatura, como o ser humano, somos como que chamados a nos perguntar, quem está por trás de tudo isso. E assim, começamos a chegar à verdade de que Deus é o autor de tudo, origem e fim de todo o universo.
“A abertura a aquilo que é bom, belo e verdadeiro, além do senso do bem moral, a liberdade e a voz da consciência, com sua aspiração a felicidade, levam o homem a se interrogar sobre a existência de Deus, e compreender que sua alma não pode ter origem senão em Deus” – CIC 33
Assim tudo nos leva a conclusão de que participamos de algo muito maior, a Alguém que é o princípio e fim último de tudo, Deus. Porém devido à má disposição do homem, decorrente do pecado original, encontramos muita dificuldade para conhecer a Deus apenas com a luz da nossa razão e da nossa inteligência.
Deus é infinitamente maior do que tudo que podemos pensar ou compreender. Por isso é preciso purificar todo o nosso modo de pensar, falar e imaginar a Deus, para não cairmos no erro, de moldar uma imagem de Deus ‘a nossa semelhança’, ao invés de crermos em quem realmente Ele é
Precisamos que Deus mesmo nos ilumine, para que assim, possamos acolher a revelação divina, e podermos dar a nossa adesão a Ele. Como diz o catecismo: “Para que o homem possa entrar em sua intimidade, Deus quis revelar-se ao homem e dar-lhe a graça de poder acolher esta revelação na fé” – CIC 35,38
2) Revelação Divina
“Por uma decisão livre, Deus se revela e se doa ao homem” – CIC 50
Mais do que pela criação, podemos chegar ao conhecimento de quem é Deus, por sua própria pessoa, que vem a nós e revela os seus mistérios, e o seu projeto de amor para conosco, que se realiza plenamente em Nosso Senhor Jesus Cristo. Assim, Deus mesmo se revela e se torna conhecido, na qual por intermédio do Filho, temos acesso ao Pai e nos tornamos participantes da natureza divina.
Nas Sagradas Escrituras, acompanhamos a revelação divina, que começando com nossos primeiros pais, não se afastou com a entrada do pecado no mundo, mas nos deu a esperança da salvação, escolheu Abraão para dele formar o seu povo, chamou Moisés e os profetas para nos fazermos voltar para Ele, único e verdadeiro Deus, que em Cristo nos libertou e salvou da morte e do pecado.
“Ao revelar-se, Deus quer tornar os homens capazes de responder-lhe, de conhecê-lo e de amá-lo bem mais do que seriam capazes por si mesmos” – CIC 52
A maior revelação de Deus, está em Jesus, o Filho de Deus feito homem, que é a Palavra única, perfeita e insuperável do Pai. Por isso Ele é o centro da revelação, da Igreja e da nossa fé, pois através de Jesus, chegamos ao Pai, e ao Espírito Santo.
“Muitas vezes e de modos diversos falou Deus, outrora, aos Pais pelos profetas; agora, nestes dias que são os últimos, falou-nos por meio do Filho, a quem constituiu herdeiro de todas as coisas, e pelo qual fez os séculos” (Hb 1,1-2)
3. A TRANSMISSÃO DA REVELAÇÃO DIVINA
“Ide por todo mundo, proclamai o Evangelho a toda criatura” Mc 16,15
Após concluir a sua missão na terra, Nosso Senhor retornou aos céus e deixou a sua Igreja, ordenando que anunciassem o Evangelho. Os Apóstolos transmitiram oralmente e por escrito, aquilo que ouviram e viram de Cristo, assim como aquilo que recebiam do Espírito Santo.
Os Apóstolos deixaram como sucessores os Bispos, que por sucessão contínua, continuam o anuncio do Evangelho e da revelação divina até hoje. Além disso, todo aquele que é Batizado e tem sua vida associada a vida de Jesus, é chamado a anunciar esse mesmo Deus.
“Fora de Cristo, não devemos esperar nenhuma outra revelação. Porém, embora a Revelação esteja terminada, não está explicada por completo. Cabe a fé cristã captar, gradualmente, ao longo dos séculos, todo o seu alcance” – CIC 66
À essa transmissão viva, que é realizada pela Igreja por meio do Espírito Santo, chamamos de Tradição, que junto da Sagrada Escritura, se tornam o meio pelo qual a Igreja transmite a todas as gerações tudo o que ela é e tudo em que crê.
Vejamos alguns significados que ainda nos ajudam nessa compreensão:
IGREJA: À Igreja foi confiada a transmissão e a interpretação da Revelação, na qual não deriva apenas das Sagradas Escrituras, mas também da Tradição – CIC 82;
SAGRADA ESCRITURA: é a Palavra de Deus, por ser redigida sob a moção do Espírito Santo – CIC 81;
SAGRADA TRADIÇÃO: ela transmite integralmente aos sucessores dos Apóstolos a Palavra de Deus confiada por Cristo, e pelo Espírito Santo aos Apóstolos para que, sob a luz do Espírito da verdade, eles, por sua pregação, fielmente a conservem, exponham e difundam – CIC 81;
MAGISTÉRIO: O ofício de interpretar autenticamente a Palavra de Deus escrita ou transmitida foi confiada unicamente ao Magistério vivo da Igreja, cuja autoridade é exercida em nome de Jesus Cristo, isto é, foi confiada aos Bispos em comunhão com o sucessor de Pedro, o Bispo de Roma – CIC 85;
DOGMA: Verdade de fé. Obriga o povo cristão à adesão irrevogável de fé. “Os dogmas são luzes no caminho de nossa fé que o iluminam e tornam seguro. Na verdade, se nossa vida for reta, nossa inteligência e nosso coração estarão abertos para acolher a luz dos dogmas da fé” – CIC 89;
CREDO: Profissão de fé, Credo ou Símbolo de fé são fórmulas breves pela qual a Igreja sempre expressou e transmitiu a fé. O Credo mais conhecido é o Apostólico, que remete ao primeiro Símbolo dos apóstolos, e o Niceno-Constantinopolitano, que foi o resultado de dois grandes concílios da Igreja – CIC 186;
A SAGRADA TRADIÇÃO, SAGRADA ESCRITURA e o MAGISTÉRIO DA IGREJA são os tripés da Igreja, onde cada qual a seu modo, sob a ação do Espírito Santo, contribuem eficazmente para a salvação das almas – CIC 95
0 Comentários