SEXTA FEIRA SANTA
“TENDO AMADO OS SEUS QUE ESTAVAM NO MUNDO, AMOU-OS ATÉ O FIM” Jo 13,1
Adentramos no centro da nossa vida de fé, onde o celebramos no Tríduo Pascal, na Paixão, Morte e Ressureição de Nosso Senhor Jesus Cristo. E iniciamos com a certeza de qual é o grande motivo disso tudo: o amor.
O amor de um Deus que nos ama tanto, que apesar de nossas infidelidades, de nossas traições e negações, continua a nos amar, e nos demostra a todo instante. E de modo grandioso e belo, nos demostra nos dando o seu Filho único.
Assumindo a nossa carne, Deus se faz semelhante a nós, para nos fazer semelhante a Ele. Mas para que isso pudesse acontecer, precisou primeiro desfigurar a sua sagrada fase, e de modo doloroso, sofrer as nossas dores, devidas por nossos pecados, e os pagar na cruz.
A sua entrega, porém, começa na noite de quinta-feira, entregando-se primeiro sacramentalmente, no pão e no vinho, que passam a ser o seu sacratíssimo Corpo e Sangue.
Somos assim chamados a lembrar dos nossos primeiros irmãos, os judeus, que em sua páscoa, foram libertados da escravidão do Egito, e essa libertação começou na celebração da ceia, na qual Deus os orientou de que modo deveriam celebrar: imolando um cordeiro.
Essa celebração, tornou-se um memorial perpétuo, onde deveriam celebrar sempre, para recordar da grande intervenção de Deus em suas vidas, que os libertou da escravidão. Mas ainda eram escravos do pecado, e aguardavam o salvador, o Messias.
Eis que Ele veio, Nosso Senhor Jesus Cristo, e assumindo o lugar do cordeiro, nos deu um novo memorial para sempre celebrarmos até a sua volta: a Santa Ceia. Nessa nova Páscoa, não celebramos mais a libertação da escravidão humana, mas da escravidão do pecado, que nos afasta de Deus.
Nosso Senhor assume as nossas faltas, a pena que era devida por nós, e as paga, em sua entrega por nós. Essa entrega começa na Santa Ceia, e conclui-se na cruz. Esse é o primeiro dia do Tríduo. Uma entrega que se dá em dois momentos, mas que refletem um único acontecimento, Deus se dando a nós por amor.
“ERAM NOSSOS SOFRIMENTOS QUE ELE LEVAVA SOBRE SI, NOSSAS DORES QUE ELE CARREGAVA” (Is 53)
Toda a ação de Jesus foi movida pelo amor. E nesse caminho, vimos o quanto o nosso amor é imperfeito, e capaz de fugir e esconder-se, quando não temos Nosso Senhor no centro. Assim vimos alguns exemplos nesse momento em que Jesus iria consumar a sua missão.
Vimos Judas Iscariotes que traiu a Jesus, na qual nos últimos dias, o seu coração foi pouco a pouco se afastando de Jesus, a ponto de já não ter mais nada em comum, e assim, chegou ao ponto de o vender por poucas moedas.
Em Pedro, vimos a negação. O seu amor estava baseado em si mesmo, nas suas próprias forças, e por isso dizia “Darei a vida por ti” (Jo 13,37). Mas antes do fim desta mesma noite, negou Jesus por três vezes, pelo medo.
Não nos esqueçamos dos demais apóstolos, que também por medo, abandonaram a Jesus quando foi preso, torturado, condenado e crucificado, deixando aquele que largaram tudo para seguir, sozinho, sem amigos nesse momento de dor.
E quantas vezes não fazemos o mesmo... traímos a Deus quando optamos pelo pecado; o negamos quando colocamos outros ‘amores’ na frente do seu; e o abandonamos, quando não vivemos com Ele, os seus mistérios, sobretudo a sua Paixão e Morte na cruz.
Hoje somos chamados a contemplar a Santa Cruz, árvore do qual pende um fruto, que é Nosso Senhor Jesus Cristo.
Na celebração das três horas da tarde, na leitura da Paixão, a Igreja nos apresenta Jesus morto na cruz. Cruz que ao receber as mãos, os pés e o sacratíssimo Sangue de Nosso Senhor, se fez um com Ele, e por isso a adoramos e veneramos, reconhecendo o sacrifício de Deus por nós.
Esse é o divino amor de Deus, que não nos nega e nos poupa nada, e chega até a loucura da cruz, de dar a sua vida por nós. Como diz Santo Agostinho: “Se quer saber o seu valor, olhe para a cruz. Você vale um Deus morto por ti”.
Que nos esforcemos para viver esse momento, junto a Nosso Senhor. Ele está sofrendo, se entregando por nós, e o que nos pede, é que estejamos com Ele, assim como estava o discípulo amado. Na Santa Ceia, debruçou a cabeça sobre o peito de Jesus, e na cruz, estava lá, ao lado da Virgem Maria.
Ó Virgem dolorosa, Virgem das Dores, Vigem da Ternura. Se o seu filho passava por sua Via Sacra, junto a ele, estava o seu coração, traspassado por uma espada de dor, como outrora profetizara Simeão (Lc 2,35). Ajudai-nos a viver a esse momento ao vosso lado, seguindo os passos de seu Filho e nosso salvador, Jesus Cristo, tendo sempre os olhos fitos, naquele que provou o seu amor por nós tantas vezes, até a consumação da sua vida.
“Nós vos adoramos Senhor Jesus Cristo e vos bendizemos. Porque pela Vossa santa Cruz, remistes o mundo”
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