DONS DO ESPÍRITO SANTO E AS VIRTUDES - ENTENDIMENTO
‘O dom do Entendimento nos faz participar do conhecimento de Cristo, dos mistérios divinos e de suas consequências práticas para a vida humana’
(Livro Pentecostes e a Igreja, Cesar Augusto)
1.Dom do Espírito Santo
Embora Deus seja um mistério, e assim o será por toda eternidade, Ele sempre se revelou a nós, permitindo que contemplemos a sua glória.
Dessa forma, o dom do entendimento, faz com que nós possamos compreender os mistérios de Deus, as suas verdades e revelações, de forma mais simples e clara.
Além disso, mergulhando e contemplando os mistérios divinos, passamos a conseguir aplica-los em nossas vidas, e ainda a explica-los ou apresenta-los de forma que as outras pessoas também consigam entender.
Jesus é quem nos apresenta quem é o Pai, a ponto de nos dizer “Eu sou o Caminho, a Verdade e a Vida. Ninguém vem ao Pai a não ser por mim. Se me conheceis, também conhecereis meu Pai” (Jo 14,6-7).
O dom do entendimento nos faz participar do conhecimento de Nosso Senhor, e assim chegar a contemplar o Pai.
“Não ardia o nosso coração quando ele nos falava pelo caminho, quando nos explicava as Escrituras?” (Lucas 24,32)
O maior exemplo que podemos ver, é no encontro de Jesus com os discípulos de Emaús, onde Jesus “começando por Moisés e percorrendo todos os profetas, interpretou lhes em todas as Escrituras o que a ele dizia respeito”.
O Espírito Santo nos leva a conhecer a Jesus, e o faz de forma especial pelo dom do entendimento, que abre a nossa mente para penetrar os seus mistérios.
COMO CULTIVAR ESSE DOM:
A melhor forma de cultivar esse dom, é, antes de tudo, suplicar com insistência ao Espírito Santo, que venha iluminar o nosso entendimento e o levar até Nosso Senhor.
Depois, é preciso estudo e oração, de forma a sempre ser fiel a Santa Igreja, na qual é o caminho deixado por Jesus para conhecermos o conteúdo da nossa fé, que nos protege do orgulho e do erro.
“Seu prazer está na Lei do Senhor, e medita sua Lei, dia e noite” (Salmo 1)
2.VIRTUDE: FÉ
As virtudes nos ajudam quanto aos dons do Espírito Santo. Lembremos que são dois grupos de virtudes: as morais ou cardeais e as teologais.
Enquanto as virtudes morais vão ordenar o nosso relacionamento com as pessoas e as coisas, as virtudes teologais ordenam o nosso relacionamento com Deus.
E para o dom do Entendimento, vamos ver que a virtude teologal da Fé nos ajuda nesse caminho, e sem ela, perdemos todas as outras virtudes.
“Pois em verdade vos digo: se tiverdes fé como um grão de mostarda, direis a esta montanha: transporta-te daqui para lá, e ela se transportará, e nada vos será impossível” (Mt, 17,20)
Apesar de ser uma virtude, assim com os dons do Espírito Santo, a fé é um dom dado por Deus que age na nossa inteligência.
Ela consiste em ver a Deus, aos homens e o mundo, pelos olhos de Cristo, colocando como parâmetro para compreender tudo, o nosso relacionamento com Deus, que muitas vezes não pode ser explicado ou compreendido.
Aí nasce realmente a fé, quando cremos Nele, e damos a nossa aceitação sem limitações ou reservas, e sem nenhuma condição.
Chegamos à fé através do testemunho de alguém, passando então a crer. Porém, essa aceitação deve ser livre, e não obrigada.
Para ser realmente fé é preciso que, com a nossa liberdade, demos adesão a Deus. Adesão esta que tem que ser incondicional e que não começa com uma prova, mas sim, com um ato da vontade.
Por isso é mais uma vez importante o testemunho de um outro, pois ninguém chega à fé sozinho.
A fé se torna então um relacionamento com uma pessoa, que nos conhece melhor que nós mesmo, e que deseja que também o conheçamos. E justamente por isso, a fé é acompanhada de um ‘conteúdo’.
Poderíamos pensar que, se todo mundo tem fé em Deus, cada um pode imaginar Deus sendo de um jeito diferente... uns o imaginam sendo duro e cruel com os pecadores, como alguém que tem prazer em punir e ser rígido... outros como sendo todo misericórdia, a ponta de perdoar tudo e a todos independente se buscou o arrependimento ou não...
Criamos assim uma caricatura de Deus, que geralmente alimentamos conforme o nosso temperamento e forma de ver as coisas (mais escrupulosa ou mais liberal).
Isso nos impede de conhecermos realmente a Deus e alimentarmos a nossa fé. Por isso, temos o conteúdo da fé, que nada mais é, do que o tesouro dado por Deus e guardado pela Igreja, que nos diz quem é Deus, a partir da própria revelação divina.
Assim a Igreja se torna essencial para chegarmos à fé, não por méritos nossos, mas por vontade de Deus. “Por intermédio da Igreja recebemos a fé e a vida nova no Cristo pelo Batismo” CIC 168.
Assim como o Espírito Santo inspirou os autores das Sagradas Escrituras, Ele Inspira a Igreja, para nos comunicar a fé. Como nos diz Santo Irineu de Lyon “A mensagem da Igreja é, portanto, verídica e solida, pois ela mostra ao mundo um único caminho de salvação”.
Em resumo, por mais que a fé possua um conteúdo, que devemos aderir incondicionalmente, a fé é a adesão a uma pessoa, Jesus Cristo, e cresce na medida em que vamos o conhecendo e nos relacionando com ele, principalmente através da oração e do testemunho que vamos dando em nossas vidas.
CAMINHO CONTRÁRIO A VIRTUDE DA FÉ:
Assim como criar uma caricatura de Deus nos atrapalha no caminho da fé, podemos citar a incredulidade e o relativismo como caminho contrário a virtude.
INCREDULIDADE: A incredulidade é a negligência da verdade revelada ou a recusa voluntária de lhe dar o próprio assentimento - CIC 2089
O catecismo ainda nos fala que existe dois tipos de dúvidas: a involuntária, que seria a hesitação ou dificuldade em crer; e a voluntária, fruto da recusa em acreditar no que Deus revelou e que a Igreja nos apresenta.
Quando alimentamos essas dúvidas e voluntariamente passamos a pensar contra as verdades de fé, caímos em erros mais graves:
Heresia – negação pertinaz, daquele que já foi batizado, de qualquer verdade que se deve crer com fé divina e católica, ou a dúvida pertinaz a respeito dessa verdade;
Apostasia – o repúdio total da fé cristã;
Cisma – recusa de sujeição ao Sumo Pontífice ou da comunhão com os membros da Igreja a ele sujeitos; (CIC 2089)
RELATIVISMO: Muitas pessoas vivem hoje no relativismo, tentação que vem nos convencer de que não existe uma verdade, mas versões da verdade, que depende na interpretação de cada um.
Assim, o certo e o errado se tonam algo dependente do gosto pessoal de cada um. Ao fazer isso, não reconhecemos nada como definitivo, bastando apenas o seu próprio eu e as suas vontades.
Isso acaba com a fé, porque vai gerando pessoas com falta de direção e até mesmo propósito na vida, vivendo cheio de incertezas.
A fé vem nos mostrar que existem verdades que são absolutas, e essas verdades fundamentam e nos dão um caminho seguro em nossas vidas.
E a maior de todas as verdades, é uma pessoa, Nosso Senhor Jesus Cristo, que nos diz “Eu sou o Caminho, a Verdade e a Vida” (Jo 14,6).
“Sede sóbrios e vigilantes! Eis que o vosso adversário, o diabo, vos rodeia como leão a rugir, procurando a quem devorar. Resisti-lhe, firmes na fé” (1 Pd 5,8-9b)
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